Autora: Dra. Lisa Rodrigues da Cunha - médica hepatologista
Popularmente chamada de “barriga d’água”, a ascite é caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido no abdômen. Apesar de não ser uma doença em si, a ascite é um sinal ou sintoma que pode ocorrer em diversas patologias, principalmente relacionadas ao fígado. Veja abaixo mais informações sobre as possíveis causas desse quadro e o que fazer em caso de suspeita.
Ascite: o que é?
A ascite é uma condição que se manifesta quando há a presença de líquido livre na cavidade abdominal, resultando em acúmulo significativo dele nessa região.
A condição em si não é considerada uma doença e sim um sinal ou sintoma de problemas de saúde específicos como doenças hepáticas, insuficiência cardíaca, câncer na região abdominal e infecções, entre outros.
Causas da Ascite
As causas da ascite são diversas e podem variar de acordo com a condição médica subjacente. No entanto, algumas das causas mais comuns incluem:
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Cirrose hepática;
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Insuficiência cardíaca congestiva;
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Pancreatite;
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Câncer (ovário, trato gastrointestinal);
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Infecções como a tuberculose e a esquistossomose;
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Insuficiência renal.
É possível prevenir a ascite?
Nem sempre, já que a ascite pode ser provocada por diversos problemas que não são preveníveis. No entanto, alguns hábitos podem reduzir o risco de desenvolver a condição. São eles:
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Manter um estilo de vida saudável;
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Ter uma alimentação balanceada;
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Não consumir álcool ou beber com moderação;
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Praticar atividade física;
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Controlar e acompanhar doenças pré-existentes como diabetes, dislipidemia, obesidade, problemas cardiovasculares e a própria cirrose hepática;
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Não beber água de fontes contaminadas ou suspeitas, nem comer alimentos mal armazenados ou não higienizados;
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Manter as vacinas em dia, especialmente as que previnem doenças no fígado, como as hepatites virais.
Principais sintomas
Os sintomas da ascite podem variar de acordo com a quantidade de líquido acumulado na cavidade abdominal e com a patologia que está causando o problema. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
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Aumento do volume abdominal com dor e desconforto (abdominal e torácico);
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Falta de apetite;
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Ganho de peso inexplicado (no início) e perda de peso, conforme o problema se agrava;
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Dificuldade para respirar;
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Fadiga;
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Edema (inchaço) nas pernas, bolsa escrotal e nos pés;
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Náuseas e vômitos.
Exames para o diagnóstico da ascite
Na fase inicial da ascite, o exame clínico não é suficiente para detectar o acúmulo de líquido na cavidade abdominal. O diagnóstico, portanto, depende de exames como:
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Exames de imagem para analisar as estruturas da cavidade abdominal, como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética;
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Paracentese (retirada de uma amostra do líquido acumulado no abdômen para análise em laboratório).
Vale lembrar que, para detectar a ascite, é preciso exames que gerem imagens de toda a cavidade abdominal. A endoscopia, portanto, não é um exame indicado para esse caso.
Formas de tratamento
O tratamento para ascite é focado na doença que causou o problema. Com a causa do acúmulo controlada, a tendência é que o acúmulo de líquido regrida ou desapareça.
Entre as medidas, podemos falar em:
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Uso de medicamentos diuréticos para aumentar a eliminação de líquido pelo corpo;
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Restrição de sódio na dieta;
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Drenagem do líquido acumulado.
Em casos graves, pode ser necessário o transplante de órgãos afetados para melhorar a qualidade de vida do paciente.