Autora: Adriana Bittencout Campaner, ginecologista e obstetra da rede Dasa.
Tanto em homens como em mulheres, os sintomas de HPV provocam bastante incômodo quando aparecem. O problema é causado pelo HPV, sigla que quer dizer papilomavírus humano – um grupo de vírus que podem infectar a pele, as mucosas íntimas e a boca.
São muitos os papilomavírus conhecidos – cerca de 200. No entanto, destes, apenas cerca de 40 têm potencial de infectar os seres humanos na região genital e anal por meio do contato com a pele ou a mucosa infectada, geralmente durante as relações sexuais.
Além do incômodo que a infecção provoca, a doença também pode aumentar o risco para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o câncer de colo de útero e de orofaringe. Continue a leitura para saber mais sobre os sintomas do HPV.
Quais são os sintomas de HPV?
Quando entra em contato com a pele ou a mucosa humana, o HPV penetra nesses tecidos e causa alteração ou proliferação anormal das células. Com isso, alguns sintomas surgem, entre eles:
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Ardência;
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Coceira;
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Verrugas visíveis na área íntima;
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Formação de placas (quando várias verrugas se unem);
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Manchas nos genitais.
As verrugas podem ter diferentes tamanhos, mas o mais comum da doença é que elas se assemelhem a uma couve-flor.
Os sintomas de HPV são os mesmos para homens e mulheres?
Não. No caso dos homens, não é incomum encontrar pacientes assintomáticos. Quando os sintomas surgem, eles podem ser na forma de lesões suspeitas, como caroços, verrugas e feridas no pênis, na bolsa escrotal, no ânus, na boca ou garganta.
Entre as mulheres, também é comum que muitas não apresentem sintomas. Quando eles surgem, pode aparecer na forma de ardência, manchas e verrugas na vulva, vagina, no colo do útero e no ânus, além da língua e garganta.
Como o HPV é transmitido?
O HPV corresponde a um grupo de vírus que infectam tanto a pele como as mucosas do corpo. A principal forma de transmissão desses vírus ocorre por meio do contato com as mucosas ou a pele contaminadas – e, em especial, durante a relação sexual. Por isso, é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Sintomas de HPV: formas de prevenir a doença
As melhores formas de prevenir o HPV são a vacinação contra o vírus e o uso de preservativo durante as relações sexuais. Estima-se que essa medida possa prevenir em cerca de 80% a transmissão do HPV.
A vacina HPV nonavalente é recomendada para meninas e mulheres entre 9 e 45 anos e meninos e homens entre 9 e 45 anos. O imunizante evita a infecção pelos tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 do HPV. Essa vacina passou a ser disponível no Brasil recentemente.
No SUS, a vacina quadrivalente contra o HPV é oferecida em duas doses com intervalo de 6 meses a meninas e meninos de 9 a 14 anos e também para mulheres e homens entre 9 e 45 anos com imunidade prejudicada (imunossupressão), além das vítimas de abuso sexual. Para pessoas acima de 15 anos e imunossuprimidos, são indicadas 3 doses.
Mesmo pessoas que já foram infectadas pelo vírus anteriormente podem e devem receber a imunização.
Como é o diagnóstico?
O diagnóstico de HPV é feito de forma clínica, ou seja, a área afetada é analisada por um médico especialista, que reconhece ou não as lesões como sendo provocadas pelo vírus.
Na mulher, também são realizados exames laboratoriais que ajudam na prevenção e detecção precoce do problema. São eles:
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Papanicolau: exame que coleta células do colo do útero para detectar possíveis lesões pré-cancerígenas causadas pelo HPV.
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Colposcopia: utiliza o colposcópio (uma espécie de binóculo) para ampliar o colo do útero, a vagina e a vulva com o objetivo de detectar possíveis lesões benignas (como inflamações) ou malignas (como câncer e lesões pré-cancerígenas) nesses órgãos.
Em casos específicos, o médico pode ainda pedir uma biópsia, que é retirada de uma pequena amostra de tecido da lesão para análise mais aprofundada em laboratório.
Como é feito o tratamento para HPV?
O tratamento do HPV depende do tipo de lesão encontrada no paciente. Os métodos mais utilizados são:
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Uso de substâncias químicas nas lesões, destruindo aos poucos as verrugas;
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Uso de bisturi elétrico e/ou laser para cauterizar as lesões;
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Retirada cirúrgica do tecido lesionado (método geralmente utilizado quando a ferida se encontra no colo do útero);
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Uso de medicamento chamado imiquimode, que estimula o próprio sistema imune a destruir as lesões.
É importante saber que, diferente do que muitas pessoas pensam, o HPV não fica para sempre no organismo. Normalmente, entre 1 e 2 anos após a infecção, na maioria dos casos, o corpo é capaz de destruir o vírus.