Autor: Marcus Tulius - médico neurologista
O Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo progressivo que afeta as funções cerebrais, em especial a memória.
A doença costuma acometer pessoas com mais de 60 anos, mas pode também ocorrer em indivíduos mais jovens, quando ela é considerada precoce.
É um quadro que acomete milhões de pessoas todos os anos, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que 1,2 milhão de pessoas convivem com o problema e 100 mil novos casos são diagnosticados anualmente.
Continue a leitura para entender mais sobre os sintomas do Alzheimer e como o diagnóstico é feito.
O que é Alzheimer?
O Alzheimer é o tipo mais comum de demência no mundo, representando entre 60 e 80% dos casos diagnósticos.
É um quadro neurodegenerativo progressivo caracterizado pela morte de neurônios que atuam no funcionamento da memória e das funções executivas do cérebro.
Por isso, a doença afeta as funções cerebrais consideradas “nobres” como memória, comportamento, controle emocional, linguagem, atenção e capacidade de planejamento, entre outras.
Assim, os indivíduos que convivem com a doença passam a ter dificuldades para desempenhar funções diárias comuns como autocuidado, continência e alimentação.
A evolução da doença ocorre em três fases, desde o estágio inicial - com menor dependência - até avançado, quando a falta de autonomia é completa.
Estágio inicial
É considerada a fase “leve” da doença e dura cerca de três anos. A presença de sintomas é difusa e o paciente apresenta memória alterada. Também podemos observar momentos de desorientação, alteração de linguagem e falta de concentração.
Estágio moderado
A segunda fase da doença pode durar até cinco anos. A evolução é lenta e aprofunda os problemas na memória. O paciente também passa a ter alterações de cálculo, julgamento, planejamento e abstração. É a fase em que começam as dificuldades para andar e manter a postura causadas pela perda de tônus muscular.
Estágio avançado
É a fase considerada grave da doença e não tem um tempo padrão para terminar, já que os tratamentos para as complicações da doença (como infecções) avançaram, permitindo que as pessoas vivam muitos anos nesse estágio.
O cérebro e o organismo já estão bastante comprometidos: a fala é difícil, há presença de rigidez muscular, convulsões, tremores e movimentos involuntários.
Esse último estágio irá evoluir para o estado vegetativo e posterior morte.
Sintomas de Alzheimer
Os sintomas do Alzheimer vão ser diferentes em cada estágio da doença.
Primeiros sintomas de Alzheimer
Os primeiros sintomas de Alzheimer aparecem no estágio inicial da doença. Os principais são:
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Memória recente alterada;
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Desorientação;
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Alterações na linguagem, aprendizado e concentração;
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Senso crítico comprometido.
Estágio moderado
Em estágio moderado, os principais sintomas do Alzheimer são:
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Maior deterioração da memória;
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Alterações no cálculo, julgamento, planejamento e abstração;
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Alterações nas emoções, na personalidade e no comportamento social;
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Alterações de postura, marcha e tônus muscular.
Estágio avançado
Em estágio avançado, o Alzheimer já comprometeu gravemente as funções do organismo. Com isso, além dos sintomas anteriores, os principais sintomas dessa fase são:
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Incontinência urinária e fecal;
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Rigidez muscular;
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Convulsões;
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Dificuldade para compreensão e expressão oral (afasia);
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Tremores e movimentos involuntários.
Sintomas de Alzheimer Precoce
O Alzheimer precoce é um quadro considerado mais raro e que acomete indivíduos antes dos 65 anos – normalmente entre 40 e 50 anos.
A doença normalmente está associada a questões genéticas hereditárias que provocam acúmulo de proteínas nas áreas de fala e memória do cérebro, levando ao desenvolvimento do problema.
O Alzheimer precoce também tem uma evolução mais agressiva do que o quadro que acontece em idosos, chegando ao estágio avançado mais rápido.
Como se inicia fora da faixa considerada “esperada” para a doença, os sintomas do Alzheimer precoce podem ser confundidos com estresse ou depressão, atrasando se diagnóstico.
Em casos de Alzheimer precoce, alguns sintomas são:
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Alterações na visão;
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Dificuldade para reconhecer rostos e pessoas;
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Dificuldade para se comunicar (verbal ou na escrita);
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Falhas de memória frequentes;
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Confusão mental e desorientação;
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Insônia, angústia e depressão;
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Irritabilidade;
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Apatia;
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Perda de movimentos.
Por isso, o ideal é buscar um médico tão logo algum desses sintomas passe a interferir na qualidade de vida do indivíduo.
Como diagnosticar a doença de Alzheimer?
O diagnóstico do Alzheimer é clínico e feito durante consulta médica, quando o profissional faz uma anamnese com o paciente e com seus familiares para entender as características das queixas.
Nessa análise, o profissional irá considerar o histórico de vida e familiar do paciente, realizar exames físicos e aplicar testes para avaliar funções cerebrais.
O especialista também pode pedir alguns exames após a consulta, como:
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Exames de imagem como tomografia ou ressonância magnética de crânio (para excluir outras causas biológicas para os sintomas);
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Punção de líquor (análise de biomarcadores que evidenciam presença da doença);
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Exame de sangue (avalia o risco para a doença por meio da quantificação da proteína beta amiloide 42 e 40 no sangue).
Tratamento de Alzheimer
O tratamento do Alzheimer é multidisciplinar e utiliza terapias medicamentosas e não medicamentosas (como a reabilitação cognitiva) para aumentar a qualidade de vida do paciente, bem como estabilizar os sintomas existentes e retardar a progressão da doença.
Dessa forma, em alguns casos, é possível reduzir o avanço do Alzheimer e até observar melhora nos sintomas – o que, claro, varia de acordo com as características da doença em cada indivíduo.